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A desigualdade é a causa estrutural do mal-estar social na América Latina e no Caribe, afirma Alicia Bárcena no Fórum de Davos

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24 de janeiro de 2020|Comunicado de imprensa

A Secretária Executiva do organismo regional das Nações Unidas participou de diversas sessões do encontro anual do Fórum Econômico Mundial, cujo tema central foi a mobilização geral para um mundo coerente e sustentável.

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Alicia Bárcena, Secretaria Ejecutiva de la CEPAL.
Foto: Foro Económico Mundial.

A desigualdade é a causa estrutural do mal-estar social na região. Por isso, precisamos passar da cultura dos privilégios à cultura da igualdade e inclusão social, afirmou Alicia Bárcena, Secretária Executiva da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), na reunião do Fórum Econômico Mundial 2020, realizada em Davos, Suíça.

A alta funcionária das Nações Unidas participou de diversas sessões do Fórum global, nas quais abordou a origem e a persistência da desigualdade nos países da região, bem como o impacto que a desigualdade, associada ao baixo crescimento, tem sobre o desenvolvimento, a inovação, a inclusão e a produtividade. Também sublinhou a importância do investimento público e privado para potencializar a diversificação produtiva, a infraestrutura e a integração regional.

“Os protestos na região têm um traço comum que é a desigualdade e podem converter-se em uma oportunidade para a mudança social. A partir das mobilizações vimos como alguns governos avançaram nas melhorias estruturais de bens públicos essenciais, como saúde, educação, pensões e transporte”, afirmou Alicia Bárcena durante uma intervenção na sessão sobre Como converter o protesto em progresso (How to Turn Protest into Progress).

Além da Secretária Executiva da CEPAL participaram do painel Craig Francourt, de Global Shaper, Victoria Hub; Micah White, ativista e cocriador de Occupy Wall Street; e William F. Browder, Diretor-Geral de Hermitage Capital Management. A sessão foi moderada por James Harding, cofundador e editor de Tortoise Media.

Durante a sua intervenção, Alicia Bárcena sublinhou que há um desencanto social que se manifesta principalmente nos mais jovens da região, devido ao fato de terem sido geradas expectativas que não foram cumpridas.

Além disso, destacou a importância do respeito aos direitos humanos e o direito ao protesto e fez um apelo à construção de novos pactos sociais para garantir o bem público.

“Muitos países não contemplam o direito ao protesto. Nas Nações Unidas defendemos os direitos humanos, a igualdade, a justiça e as vozes dos que não têm voz”, assinalou.

A máxima representante da CEPAL participou também da sessão “América Latina: Respondendo às novas expectativas” (Latin America: Responding to New Expectations), na qual enfatizou que a grande fábrica da desigualdade na região é a enorme heterogeneidade estrutural.

Por isso, disse, é urgente avançar na construção de Estados de bem-estar, baseados em direitos e na igualdade, que proporcionem acesso a proteção social e bens públicos de qualidade, como saúde e educação, moradia e transporte.

Alicia Bárcena advertiu sobre o crescimento dos estratos de renda média na região, que continuam experimentando diversas carências e vulnerabilidades, tanto em relação à sua renda como no exercício de seus direitos.

“76,8% da população da região pertence aos estratos de renda baixa e média-baixa, que vive com uma renda inferior a três linhas de pobreza”, alertou.

Em 2017, mais da metade da população adulta (52%) dos estratos médios não havia concluído 12 anos de escolaridade, enquanto 36,6% tinha ocupações com um alto risco de informalidade e precariedade. Além disso, 44,7% das pessoas economicamente ativas dos estratos médios não estão afiliadas ou não contribuem para um sistema de pensões.

“É urgente avançar para uma cultura da igualdade na região através de políticas universais de inclusão social e laboral que contribuam para aumentar as capacidades humanas, a produtividade e o crescimento econômico, ao mesmo tempo que instalam uma cultura de direitos e de cidadania social”, concluiu.

As atividades da Secretária Executiva da CEPAL no Fórum Econômico Mundial 2020 incluíram uma série de reuniões bilaterais e outras atividades públicas e privadas. Em várias delas, Alicia Bárcena abordou os alcances do Plano de Desenvolvimento Integral para El Salvador, Guatemala, Honduras e o sul-sudeste do México, uma proposta inovadora que busca criar um espaço de desenvolvimento sustentável estimulando o crescimento econômico, promovendo o acesso universal aos direitos sociais, impulsionando a resiliência à mudança climática e garantindo os direitos durante todo o ciclo migratório.